Agronegócio | 6 minutos de leitura

O Capital e o Celeiro do Mundo: A Securitização e o Agronegócio

Escrito por: Johnny Vivan

agronegócio

Conteúdo

1. Agronegócio
     1.1 Cenário no Agronegócio
2. Agronegócio na economia
     2.1 Fiagro (Fundos de Investimento nas Cadeias Produtivas Agroindustriais)
         2.1.1 Característica do Fiagro
3. Diversificação dos investimentos no agronegócio
4. E quem mais poderia fazer essa ligação entre investidores x mercado financeiro x agronegócio?
5. Companhias Securitizadoras
6. Conclusão

No texto abaixo, nós mostramos o por que de aproximar mercados de fomento como securitizadoras, financeiro e o agronegócio, tendo um novo leque de oportunidades, continue lendo.

Agronegócio

Em tempos de uma das maiores feiras agropecuárias do mundo, a 28ª AGRISHOW 2022 em Ribeirão Preto no estado de São Paulo, que busca reafirmar o lugar de pujança do segmento de maior sucesso brasileiro no mundo. Segmento esse que no momento almeja uma modernização nas suas formas e/ou fontes para captação e financiamento.

A AGRISHOW tradicionalmente reúne soluções para todos os tipos de culturas e tamanhos de propriedades, além de ser reconhecida como o palco dos lançamentos das principais tendências e inovações para o agronegócio.

Conforme seu sítio de informações AGRISHOW, antes dos efeitos da pandemia em 2019, reuniu mais de 800 marcas expositoras e mais de 150 mil visitantes qualificados em 520.000 m² de área.

agronegócio no brasil

Fonte: https://blog.syngentadigital.ag/agrishow-2022/

Cenário no Agronegócio

As federações de Agricultura do Brasil, aproveitam essa exposição na mídia e já trabalham no alinhamento de propostas para serem apresentadas ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) para a composição do Plano Safra 2022/2023.

No ciclo 2021/2022, que se encerra no dia 30 de junho, o plano contou com R$ 251 bilhões em recursos para financiamento, em sua maioria repassado pelo BNDES e Banco do Brasil, destinado ao custeio e comercialização da safra nacional.

A grande preocupação do setor é a necessidade de crédito diante do cenário de inflação e aumento da taxa de juros no país.

Com a taxa Selic hoje em 12,75%. Se não houver aumento de recursos destinados ao próximo plano, é provável que o produtor rural não consiga absorver taxas desta magnitude.

Para se ter ideia de valores, segundo a CNA (sistema ligado a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), R$ 13 bilhões foram utilizados na equalização dos juros, quando as taxas subiram de 3,00% a.a. para 8,50% a.a. em 2021 no plano que se encerra.

No próximo ciclo, Plano Safra 2022/2023, a expectativa é de que o governo aumente os recursos disponíveis para a sua equalização em R$ 22 bilhões.

Cenário no Agronegócio

Detalhe: não há recursos disponíveis no orçamento da União. Além dos recursos para crédito e custeio, também falta a verba de subvenção ao prêmio do Seguro Rural, que no plano atual foi de R$ 1,3 bilhão, e existe entidade defendendo que a quantia aumente em pelo menos R$ 500 milhões para o próximo ciclo.

Inclusive houve uma suspensão por três meses dos financiamentos feitos pelo Plano Safra 2021/2022, e só agora regularizado com expectativa de liberação a partir da sanção presidencial do PLN1, projeto esse já aprovado pelo congresso, que suplementou em R$ 2,7 bilhões o orçamento governamental para cumprimento de despesas, entre elas, R$ 868 milhões para destravar as operações do crédito rural.

Agronegócio na economia

Como bons brasileiros, sabemos que o agronegócio é um dos setores mais importantes da nossa economia, com participação acima de 25% do PIB, segundo dados do IBGE. Em 2021, as exportações no agro brasileiro bateram todos os recordes.

Segundo pesquisa da Universidade de São Paulo (USP), o volume produzido cresceu 18% e o faturamento 5%, em comparação com o ano anterior. No total, o faturamento atingiu US$ 120 bilhões, o que ultrapassa os R$ 600 bilhões. A demanda agregada do setor só tende a aumentar nos próximos anos.

Segundo o Ministério da Agricultura, a produção agrícola deve crescer 20% até 2030 no país. Dito isso, novos recursos financeiros são bem-vindos, seja para custear a safra, investir em novas tecnologias ou para criar e apoiar novas empresas no mercado.

Fiagro (Fundos de Investimento nas Cadeias Produtivas Agroindustriais)

Para aumentar os investimentos no nosso campo e trazer novas fontes de recursos para produtores e empresas dessa cadeia, a fim de continuar a sua expansão, surge o FIAGRO ou Fundos de Investimento nas Cadeias Produtivas Agroindustriais, que foram inspirados nos regulamentos dos Fundos Imobiliários, mas adaptados para a realidade rural com a Resolução CVM nº 39 de julho de 2021.

Eles abrem uma nova possibilidade para aqueles inseridos no setor se capitalizarem e conseguirem novos recursos, além de fortalecer a agenda ESG (Environmental, Social and Corporate Governance) no país. Inicialmente divididos em três categorias:

  • FIAGRO – Imobiliário: fundos para investimentos em ativos imobiliários, incluindo os Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA) e Letras de Crédito do Agronegócio (LCA).
  • FIAGRO – Direitos Creditórios: fundos para investimentos que apliquem em direitos creditórios.
  • FIAGRO – Participações: fundos para investimentos em participações, como sociedade em empresas do agronegócio.

Característica do Fiagro

Para se caracterizar como um FIAGRO, os fundos devem seguir determinadas regras. A principal é que os recursos captados com os investidores precisam ser aplicados em ativos relacionados ao setor agroindustrial, que vão desde propriedades rurais até cotas de outros fundos que invistam no setor, destinados por exemplo em:

Securitizadora e Agronegócio
  • Imóveis rurais (aquisição de fazendas);
  • Participação em sociedades que explorem atividades integrantes da cadeia produtiva agroindustrial;
  • Ativos financeiros, títulos de crédito ou valores mobiliários emitidos por pessoas físicas e jurídicas dentro da cadeia produtiva agroindustrial;
  • Direitos creditórios do agronegócio e títulos de securitização emitidos com lastro em direitos creditórios do agronegócio, inclusive certificados de recebíveis do agronegócio (CRA) e cotas de fundos de investimento em direitos creditórios;
  • Direitos creditórios imobiliários relativos a imóveis rurais e títulos de securitização emitidos com lastro nesses direitos creditórios;
  • Cotas de fundos de investimento que apliquem mais de 50% de seu patrimônio em ativos da lista acima.

Em resumo poderão, entre outras coisas, realizar a compra de propriedades rurais, ser acionistas ou comprarem parte de companhias, investir em outros fundos que operam no setor ou em títulos de dívida e direitos creditórios.

Nos próximos anos, a expectativa é que, com a consolidação desses fundos de investimento no agronegócio, o mercado receba um maior volume de recursos, o que é ideal para manter sua expansão. Para além disso, o seu crescimento também deve trazer mais conceitos de ESG para o mercado, principalmente pelo relacionamento mais próximo com o mercado financeiro, que é devidamente regulado.

Por outro lado, os produtores rurais e as empresas que estão inseridas nessa cadeia do agronegócio também devem ser impactadas positivamente, porque haverá uma nova fonte de capital. Com a menor barreira de acesso para novos investidores e os bons resultados recentes, o volume de investimentos deve subir.

Diversificação dos investimentos no agronegócio

Na busca pela diversificação dos investimentos no agronegócio e com a criação do FIAGRO, os investidores têm uma nova alternativa para ingressar no agronegócio e aproveitar todo o potencial do setor. Inclusive conforme a Resolução CVM 064 de fevereiro de 2022, com dispensa de registro para investidor estrangeiro.

Atualmente, as maneiras mais comuns para investir são comprar ações de empresas listadas na bolsa (que não são muitas) ou comprar títulos de renda fixa, como o CRA ou LCA.

As instituições financeiras que operam o crédito rural, por exemplo, podem criar um FIAGRO para captar novos clientes interessados em aplicar seus recursos nessa área.

Isso também vale para as gestoras de fundos que operam no mercado financeiro. Assim, há alternativas para diversificar a carteira de clientes e ativos.

Nesse sentido, é possível criar um fluxo interessante para todos os envolvidos no setor. Enquanto investidores e instituições financeiras podem aproveitar ainda mais o potencial do agronegócio, produtores e empresas inseridos nessa realidade devem receber mais recursos para investir em inovação e tecnologia.

E quem mais poderia fazer essa ligação entre investidores x mercado financeiro x agronegócio?

Para Johnny Vivan as Companhias Securitizadoras podem fazer essa ligação! Porque são especializadas no fomento mercantil e industrial através da antecipação de recebíveis. A MP 1.103/2022 editada em março, veio para organizar os instrumentos para o acesso das Securitizadoras ao setor do agronegócio, 

O mercado de crédito rural (público e privado) é o grande motor de investimentos no setor, com a tendência de demanda crescente de recursos para custear essa expansão e giro. Assim, há a necessidade de aumentar as formas de captação e democratizar o acesso para novos investidores. Por isso, as debêntures ou certificados de recebíveis podem facilitar ainda mais esse acesso.

Companhias Securitizadoras

Uma das formas de operacionalizar esse processo, por exemplo, é a possibilidade do produtor rural emitir uma Cédula de Produto Rural (CPR) e fazer a sua antecipação através de instrumentos de securitização, adaptados para tal, e o dinheiro da operação ir para a lavoura ou ser usado numa instalação do próprio armazém do produtor.

Outra modalidade é a Companhia Securitizadora investir em parcerias com empresas rurais e cooperativas de crédito do agronegócio, com valores a receber das estruturas de armazenagem e trades rurais de comercialização.

Ou seja, abrem-se infinitas possibilidades para a securitização de recebíveis estabelecer a ligação que faltava para necessidades pontuais dos produtores rurais, com capital de giro para as estruturas e os diversos atores do agronegócio, possibilitando inclusive o aumento de limites operacionais junto as cooperativas de crédito, abarrotadas desse tipo de instrumento em suas cadeias operacionais.

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Um ponto em comum para todas essas variáveis é a importância de investir em tecnologia e inovação. Com soluções digitais, as gestoras, as securitizadoras ou as instituições financeiras estarão municiadas de informações relevantes sobre o nosso campo e são capazes de, mesmo a milhares de quilômetros de distância, conhecer essas propriedades com profundidade.

Para as Securitizadoras, e até instituições financeiras, que se lançarem nesse mercado, será fundamental encontrar maneiras para monitorar os ativos e garantir as melhores práticas de ESG.

De certo, a tecnologia terá papel importante nessa equação, principalmente com soluções digitais que acompanham a cadeia produtiva e mitigam riscos por meio de uma forte ação de governança corporativa. Nesse sentido, a tendência é que os recursos sejam direcionados, para entidades que possuem processos e procedimentos mapeados de controles internos ou compliance.

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O mesmo ocorre nas participações e parcerias, ou seja, na compra ou investimento em companhias do agronegócio. É fundamental saber se elas respeitam as boas práticas da sua cadeia de valor, que não deve ter uma rastreabilidade limitada. Isso é possível com soluções que acompanham todas essas variáveis.

Como as soluções digitais podem impulsionar a agenda será fundamental realizar uma série de análises para conhecer os riscos envolvidos e saber se tudo está nos padrões dos órgãos reguladores, ou seja, BACEN, CVM e ANBIMA.

Conclusão

Enfim, o FIAGRO surge para oferecer uma nova forma para toda a cadeia do Agro se capitalizar e para democratizar o acesso de investidores ao agronegócio, que é um setor com alto potencial de crescimento. Com essa aproximação dos mercados de fomento, financeiro e do agronegócio, aparece um novo leque de oportunidades para seguir nessa expansão do setor.

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